Em uma de suas brilhantes aulas para alunos da graduação da Universidade Federal de Minas Gerais, o genial cientista político Carlos Ranulfo deu uma boa lição nos comunistas consumidores de grifes que teimavam em chamar os pobres de alienados, por venderem seus votos por migalhas e usar apenas a televisão como norte informativo. Indignado com a falta de sensibilidade social dos alunos, Ranulfo fez um longo discurso sobre a difícil vida de um pai de família e como a dinâmica social o obrigava a escolher como gastar sua renda. Nos argumentos finais o cientista mineiro afirmou que informação é um artigo caro e de luxo e que além de o trabalhador não poder gastar seu salário com livros e jornais, quando ele chega cansado do trabalho vai preferir ficar com a família e não ir a nenhum comitê de partido para discutir a PEC em pauta na Câmara.
Mas pra ver a banda Calypso, o povo vai à câmara.
Perfeito e ponderado como sempre, Ranulfo ganhou a todos na sala. Mas a verdade empírica sempre vence a idealizada. O plenário 7, lotado, da Câmara dos Deputados mostrou isso. O Congresso é o espaço de mais fácil acesso de Brasília. Com a carteira de identidade qualquer cidadão tem o privilégio de exercer sua cidadania e questionar qualquer senador ou deputado que esteja no gabinete ou transitando pelos salões. Brasília é uma ilha cercada de pobreza. A perfeição, a limpeza do Plano Piloto se contrasta com a miséria das cidades satélites. R$3 custa o ônibus que levaria qualquer cidadão dessas cidades à Câmara. Audiências públicas, debates, encontros. Ninguém vai. Dizem que o povo não fica sabendo da pauta da Casa, que são realidades distantes. Não é verdade. O sábio Ranulfo também não está completamente certo. Bastou a Casa anunciar que a Banda Calypso estaria em uma audiência pública para conseguir isenção fiscal para CDs eDVDs que o povão descobriu o caminho da Câmara. Mulheres com crianças pequenas, adolescentes em bando, famílias inteiras lotaram o plenário 7. Joelma e Chimbinha não foram. Mas o povo foi. Para ver o Calypso não existe cansaço, falta de tempo, de dinheiro para o transporte ou inibição de entrar em uma pomposa casa de políticos. E fica uma triste constatação: o povo tem a Democracia que merece.
Retirado da Comunidade do Orkut - Repúdio à Ignorância Política.
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